SAUDADES.
Hoje me bateu no peito e me
apertou a garganta aquela saudade,
saudade daqueles que cumpriram
seu tempo de peregrinação nos campos pampeanos do sul, para cavalgarem livres
nas pradarias celestiais.
Por isso escrevo esta carta ao capataz da estância celeste, a ser
entregue ao meu querido Pai, Gaspar Cardoso de Menezes.
Meu velho Pai!
Lembro com saudade de você sentado em
sua cadeira de balanço, dizendo ogusto poda cuia na chaleira pra
esquentar que eu vou fazer um mate.(põe
a chaleira para esquentar...)
Falava errado de propósito porque sabia que isso arrancava de mim uma
boa gargalhada.
Lembro de você a tardinha sorvendo seu chimarrão, espalhar
milho quebrado as galinhas do terreiro que tinham tanta confiança em sua
bondade e trato, que empoleiradas em seu colo e cadeira lhe enfeitavam como uma
árvore de natal.
Lembro da primeira enxada que me
deste ,dizendo chega de vagabundagem ,vamos carpir o feijão e a mandioca que o
mato ta alto.
Lembro de ajudar engarrafar o feijão misturado a cinza, nos garrafões de
vinho, e quando indagava a respeito ,respondia com bondade é para não bichar e
termos semente para o próximo ano.
Lembro de tirar de uma lata de banha de 18 litros ,carne de porco
cozida, por num prato com farinha , tempero verdes e pão com torresmo feito por
você mesmo, e dizer come guri porque saco vazio não para de pé.
Lembro de viajar uma noite toda em seu colo, de Rosário a Porto alegre
para visitar meu mano Dandão.(Adão)
Lembro de tantas coisas boas ,quase nenhuma ruim, apenas a surra que
levei , de cana de bambu fina, quando me encurralaste no corredor que dava
acesso á rua, mas com certeza porque desobedeci e tirei do curso seu carro de
paciência.
Lembro de ser consolado depois com uma voz embargada que dizia, Eu só
quero ver vocês crescerem e serem homens de bem.
Lembro com saudade!
Só lamento que partiste muito cedo, e não lembro de ter dito Eu te Amo!
Mas o mais importante de tudo é que EU LEMBRO , com saudade
E hoje posso dizer sou um homem de bem , criando filhos de bem.
Saudades meu velho Pai!
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